Muitos corredores têm medo que o impacto repetitivo leve à degeneração de suas articulações, doença conhecida como artrose. As cartilagens são estruturas muito lisas, nutridas por um líquido, chamado sinovial, e responsáveis para que haja um deslizamento suave das articulações. Com o passar dos anos e devido a algumas doenças, essa estrutura sofre um desgaste, podendo desenvolver sintomas como dor, inchaço e limitação funcional.
Dentre os principais fatores de risco estão a história familiar, as deformidades ósseas, as lesões prévias, as doenças inflamatórias, como lúpus e artrite reumatoide, mas também outros que podemos modificar, como obesidade e fraqueza muscular. Mas, afinal, a corrida é um fator de risco?
Ao pesquisar na literatura médica sobre o assunto, deparamos com a resposta curiosa de que não há evidências provando que a corrida esteja relacionada à artrose do joelho. Em julho de 2015, foi publicada uma revisão da literatura no “Jornal Britânico de Medicina do Esporte” questionando o paradoxo danos X benefícios causados pela corrida. Diversos artigos sobre o tema foram analisados, e o maior obstáculo foi definir “o que é corrida recreacional?”, dificultando a análise. Mesmo assim, dos principais artigos podemos tirar algumas conclusões:
– Dentro das escalas adotadas, a maioria dos estudos não encontrou relação entre artrose do joelho e corrida recreacional;
– Curiosamente, um único estudo de 2014, publicado na “Arthritis & Rheumatology”, mostrou a corrida como atividade protetora do joelhos;
– Por outro lado, uma revisão sistemática do “Journal of Athletic Training” de 2015 mostrou que corridas de longa distância, em atletas de elite, podem ser fator de risco para artrose.
Nós temos uma tendência a pensar que quanto mais usarmos nossas articulações, mais iremos gastá-las. No entanto, o contrário é verdadeiro, com as atividades físicas atuando como um fator de proteção. Dentre algumas vantagens podemos listar:
– Maior produção do líquido sinovial, melhorando a nutrição e a lubrificação da cartilagem;
– Fortalecimento e alongamento muscular, reduzindo as sobrecargas articulares;
– Melhor equilíbrio e controle motor;
– A carga repetida nos ossos melhora sua qualidade, prevenindo a osteoporose(doença que fragiliza os ossos).
Quando pensamos em artrose do joelho, a análise individual de outros fatores de risco, como história familiar, lesão prévia de menisco, ligamentos ou desalinhamentos das pernas, devem ser levados em consideração antes de começar a correr. Quem corre e tem artrose provavelmente a teria da mesma forma se não corresse ou estaria pior pela ausência de exercício.
Dessa forma, na ausência de lesões, corra sem medo, pois até o momento não há nada provando que corrida recreacional cause artrose dos joelhos. Na presença de dores ou história prévia de alguma lesão, procure seu ortopedista.
Por Sérgio Maurício: ortopedista, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho e da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. Corredor de Maratona e meia-maratona, é também praticante de triatlhon olímpico. Pratica natação, musculação e Indoor Cycle na Bodytech.
Fonte: BodyTech
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